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Inovação aberta: o que é, 3 exemplos e como aplicar14 min read

A inovação é um dos motores mais importantes para o crescimento sustentável das empresas. Mas, diferentemente do que se pensava há algum tempo, inovar não precisa ser um processo solitário, limitado aos laboratórios internos de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa. 

O conceito de inovação aberta ou open innovation propõe a colaboração entre diferentes organizações, pessoas e setores para criar soluções mais eficazes, ágeis e relevantes para o mercado.

Gostou da ideia? Neste artigo, vamos explicar o que é inovação aberta, como ela surgiu, quais são seus modelos e como ela se diferencia da inovação fechada. 

Você vai entender também os impactos positivos desse modelo e como colocá-lo em prática dentro do seu negócio. 

Ao final desta leitura, esperamos que você tenha uma visão clara e inspiradora sobre o potencial transformador da open innovation e saiba como ela pode fazer parte da sua rotina e cultura organizacional.

O que é inovação aberta?

Esse modelo colaborativo, conhecido como open innovation, propõe uma nova abordagem que propõe uma verdadeira quebra de paradigma em relação aos modelos tradicionais de inovação. 

Em vez de manter o desenvolvimento de novos produtos e soluções restrito às fronteiras da empresa, a inovação aberta propõe justamente o oposto: colaboração com parceiros externos, como universidades, startups, fornecedores, órgãos públicos e até mesmo consumidores. A meta é cocriar soluções inovadoras e acelerar o progresso.

O conceito foi cunhado por Henry Chesbrough, professor do Centro de Inovação da Universidade de Berkeley, em 2003, ao perceber que muitas ideias brilhantes geradas no meio acadêmico não saíam do papel por falta de conexão com as demandas e dinâmicas do mercado. 

Ao mesmo tempo, empresas enfrentavam dificuldades para inovar por dependerem exclusivamente de suas equipes internas. Unir esses dois mundos, portanto, se mostrou uma estratégia promissora.

A inovação aberta se desenvolveu como um reflexo desse novo cenário, em que a inteligência está distribuída e as boas ideias podem vir de qualquer lugar.

Se essa perspectiva parece um pouco arriscada para você, saiba que adotar a inovação aberta não significa abrir mão da sua propriedade intelectual nem expor seus diferenciais competitivos. Trata-se de criar alianças estratégicas, onde todos ganham

Muitas vezes, essa colaboração envolve pesquisas conjuntas, licenciamento de tecnologias e venda ou compra de propriedade intelectual.

As parcerias entre empresas que compartilham clientes, a realização de desafios de crowdsourcing com prêmios por ideias criativas e até a contribuição em softwares abertos, como o Linux, são exemplos claros de inovação aberta. 

Os modelos de open innovation

A inovação aberta pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da direção em que o conhecimento e as ideias circulam. Por isso, o conceito foi estruturado em três modelos principais de open innovation: inbound, outbound e coupled

Compreender essas variações ajuda as empresas a definirem estratégias mais coerentes com seus objetivos e capacidades.

Inbound

No modelo inbound, a empresa busca ideias, tecnologias e soluções fora de seus próprios muros. Ou seja, ela se abre para absorver conhecimento externo, vindo de universidades, startups, fornecedores, clientes ou centros de pesquisa. 

O objetivo é enriquecer seus processos internos com novos insights e acelerar o desenvolvimento de inovações. Um exemplo clássico desse modelo é o uso de hackatons e desafios de inovação, onde participantes externos colaboram com propostas criativas para resolver problemas específicos da empresa.

Outbound

Já o modelo outbound funciona na direção oposta. A empresa compartilha ou comercializa inovações que desenvolveu internamente, mas que não necessariamente aplicará por conta própria. 

Isso pode incluir o licenciamento de patentes, a venda de tecnologias ou até mesmo a transferência de conhecimento. Assim, outros agentes podem aproveitar esses ativos e transformá-los em soluções de mercado.

Coupled

Por fim, o modelo coupled combina os dois anteriores. A empresa tanto adquire ideias externas quanto compartilha suas próprias inovações. 

Esse modelo é bastante comum em alianças estratégicas, projetos de codesenvolvimento ou parcerias de pesquisa, onde duas ou mais organizações colaboram ativamente na criação de novas soluções, cada uma contribuindo com sua expertise.

Escolher o modelo mais adequado depende do contexto, dos objetivos e da maturidade da organização em relação à inovação. 

Diferenças entre inovação aberta e fechada

Para entender plenamente o impacto da inovação aberta, é importante contrastá-la com a inovação fechada, que corresponde ao modelo tradicional que predominou por décadas nas organizações. Abaixo, comparamos esses dois paradigmas de acordo com alguns aspectos-chave.

Quanto à estrutura organizacional

  • Inovação fechada: segue uma lógica mais verticalizada. Toda a pesquisa, desenvolvimento e implementação são conduzidos internamente, por equipes da própria empresa, com processos centralizados;
  • Inovação aberta: é mais horizontal e flexível. Envolve diversos atores externos, como startups, universidades, clientes e até concorrentes em certos casos.

Quanto ao foco e à mentalidade

  • Inovação fechada: a empresa acredita que deve ter total controle sobre suas ideias, processos e propriedade intelectual. O foco é proteger o conhecimento;
  • Inovação aberta: a organização reconhece que boas ideias podem vir de fora e busca explorar isso estrategicamente, com colaboração e compartilhamento.

Quanto à propriedade intelectual e ao know-how

  • Inovação fechada: a empresa detém e guarda sua propriedade intelectual como ativo exclusivo e evita qualquer vazamento ou uso externo;
  • Inovação aberta: aceita a ideia de comprar ou licenciar tecnologias desenvolvidas por terceiros e também monetizar sua própria propriedade intelectual quando for interessante para o negócio.

Quanto ao tipo de empresa e momento estratégico

  • Inovação fechada: costuma estar mais presente em empresas tradicionais, com grande estrutura de P&D interna, que preferem ter domínio completo sobre seus processos;
  • Inovação aberta: é mais comum em empresas que desejam acelerar a inovação, diversificar riscos ou ganhar agilidade diante das transformações do mercado.

Inovação parcialmente aberta e fechada

Nem todas as empresas precisam adotar uma postura 100% aberta ou 100% fechada. Muitas adotam uma inovação parcialmente aberta (ou parcialmente fechada), selecionando cuidadosamente os parceiros com quem compartilham ideias, limitando o tipo de informações externas que absorvem e equilibrando colaboração com controle. 

Essa abordagem híbrida pode ser uma excelente transição para empresas mais tradicionais que desejam modernizar sua estrutura de inovação sem abrir mão da segurança.

Impactos da open innovation

Adotar a inovação aberta pode transformar profundamente a forma como uma empresa inova, se posiciona no mercado e gera valor. A seguir, destacamos os principais benefícios da open innovation.

Redução do tempo entre o desenvolvimento e a comercialização

Ao colaborar com parceiros externos, a empresa ganha acesso a soluções, ideias e tecnologias já em desenvolvimento. Isso encurta o tempo necessário para tirar um produto do papel e lançá-lo no mercado, aumentando a competitividade.

Redução de custos

Com a inovação aberta, é possível dividir os investimentos em pesquisa e desenvolvimento com parceiros estratégicos, evitando a duplicação de esforços e otimizando recursos. Além disso, ao licenciar tecnologias prontas, a empresa evita ter que começar do zero.

Aumento das chances de aprovação do produto ou serviço

Projetos desenvolvidos com apoio de consumidores, fornecedores e especialistas externos tendem a estar mais alinhados com as necessidades reais do mercado. Isso aumenta as chances de aceitação por parte do público e reduz o risco de falhas.

Criação de novos mercados

A colaboração entre diferentes setores e empresas pode gerar soluções inéditas, que abrem portas para novos nichos de mercado. Muitas vezes, essas parcerias permitem combinar expertises que isoladamente não produziriam o mesmo impacto.

Geração de uma base de conhecimento robusta

Empresas que praticam open innovation estão em constante contato com novas ideias, tecnologias e tendências. Isso fortalece seu capital intelectual e permite uma visão mais ampla e estratégica sobre o mercado e o futuro da empresa.

Suporte para novas ideias

Nem toda inovação nasce internamente e nem sempre ela é imediatamente aplicável. Ao interagir com ecossistemas de inovação, como universidades e startups, a empresa encontra apoio técnico e intelectual para desenvolver e amadurecer novas ideias.

Inovação de produtos e serviços já existentes

A open innovation não serve apenas para criar o novo, mas também para melhorar o que já existe. Um olhar externo pode revelar pontos de melhoria que a empresa não enxergava, tornando seus produtos mais eficientes, sustentáveis ou desejáveis.

Mudança de perspectiva

Ao sair do ecossistema interno e dialogar com outras organizações, as equipes passam a enxergar os desafios com mais flexibilidade. Essa abertura mental estimula uma cultura mais criativa, ágil e adaptável às transformações do mercado.

Promoção de networking e parcerias estratégicas

A open innovation incentiva a formação de alianças entre empresas, centros de pesquisa, universidades e startups. Essas conexões podem gerar oportunidades futuras, facilitar a entrada em novos mercados e fortalecer o posicionamento organizacional.

Democratização do acesso ao conhecimento

A inovação aberta também tem um impacto social, pois ao facilitar o compartilhamento de conhecimento e o uso de tecnologias de código aberto (como ocorre com o Linux), ela contribui para a disseminação da inovação e o desenvolvimento coletivo de soluções.

Como aplicar a inovação aberta?

Adotar a inovação aberta exige mais do que boas intenções. É preciso planejamento, clareza de objetivos e disposição para romper com paradigmas. Abaixo, listamos algumas das práticas mais utilizadas para implementar a open innovation nas empresas.

Reflita sobre os objetivos da empresa com a inovação aberta

Este é um passo importante, independente das suas metas. Antes de tudo, você precisa entender o que espera alcançar com esse modelo: quer reduzir custos? Agilizar o desenvolvimento de produtos? Explorar novos mercados? 

Ter essas respostas bem definidas ajuda a alinhar a estratégia de inovação com os objetivos do negócio e facilita a tomada de decisões ao longo do processo.

Escolha o modelo de open innovation mais adequado

Como vimos, a inovação aberta pode acontecer de três formas: inbound (ideias de fora para dentro), outbound (ideias de dentro para fora) ou coupled (uma combinação das duas).

Avalie qual abordagem faz mais sentido considerando o momento da empresa, seus recursos e metas estratégicas.

Avalie o contexto interno e a cultura organizacional

Na sua empresa existe abertura para parcerias e troca de ideias com o mercado? Ou o ambiente ainda é muito fechado, com resistência à mudança? Se a cultura organizacional ainda não favorece a inovação aberta, é preciso iniciar um processo de transformação interna, valorizando o aprendizado coletivo, a colaboração e a escuta ativa.

Identifique os parceiros ideais

A inovação aberta se apoia em conexões. Por isso, vale buscar instituições de ensino, centros de pesquisa, startups, outras empresas do setor, fornecedores e até mesmo clientes. 

A pergunta-chave aqui é: quem pode agregar conhecimento, tecnologia ou uma nova visão que complemente o que já temos?

Crie projetos com a participação de clientes e fornecedores

Uma boa prática de inovação aberta é desenvolver projetos colaborativos que envolvam quem já faz parte da sua cadeia de valor

Por exemplo, você pode criar programas para escutar sugestões dos clientes ou envolver fornecedores no aprimoramento de produtos e processos. Essas trocas geram soluções mais funcionais.

Participe de eventos, hackathons e programas de inovação

Conectar-se com o ecossistema de inovação é essencial. Participar de eventos de startups, feiras tecnológicas, hackathons e programas de aceleração permite à empresa identificar tendências, conhecer talentos e estabelecer parcerias valiosas. Isso mantém o negócio em sintonia com o que há de mais atual no mercado.

Invista em tech scouting, crowdsourcing e cocriação

Se você não conhece esses conceitos, eles são simples:

  • Tech scouting é a prática de mapear tecnologias emergentes que possam ser úteis ao seu negócio;
  • O crowdsourcing permite abrir desafios ao público, convidando pessoas de fora para sugerirem soluções;
  • A cocriação é o desenvolvimento de novos produtos ou serviços com a colaboração de usuários e especialistas externos.

Essas práticas tornam o processo de inovação mais aberto e conectado com as reais necessidades do mercado. Analise as especificidades do seu negócio e veja qual delas faz mais sentido.

Estruture processos e defina critérios claros

Para que a inovação aberta funcione na prática, é importante ter processos bem definidos. Como será feita a seleção de ideias externas? Quem será responsável por avaliar parcerias? Quais critérios serão usados para priorizar projetos? Organizar esses pontos evita ruídos e desperdícios ao longo do caminho.

Adote métricas e acompanhe resultados

Acompanhar o desempenho dos projetos é válido para saber o que está dando certo e o que precisa ser ajustado. Indicadores como tempo de desenvolvimento, custo por projeto, número de ideias aproveitadas e impacto no faturamento podem ajudar a medir o valor gerado pela inovação aberta.

Lembre-se de que cada empresa tem seu próprio caminho

Não existe uma fórmula única. Por exemplo, algumas empresas começam com um projeto piloto enquanto outras fazem parcerias com startups. O importante é entender que não é necessário adotar todas as práticas de uma vez. A inovação aberta deve ser adaptada ao ritmo, cultura e maturidade de cada empresa.

Inovação aberta: exemplos

A inovação aberta já é uma realidade em muitas empresas ao redor do mundo e os exemplos não se limitam ao setor de tecnologia. Grandes corporações têm adotado esse modelo para acelerar seus processos de inovação, diversificar produtos, resolver desafios complexos e se aproximar do consumidor. Veja abaixo alguns exemplos.

Procter & Gamble (P&G)

A P&G é um dos maiores símbolos da inovação aberta no mundo corporativo. Desde o ano 2000, a empresa adotou o programa Connect + Develop, que visa buscar soluções fora dos muros da organização. 

A ideia é que, em vez de depender exclusivamente do seu departamento interno de P&D, a empresa possa se conectar com cientistas, universidades, startups e consumidores. Hoje, grande parte das inovações da empresa, como novos ingredientes, embalagens e modelos de negócio, vem de fontes externas.

Natura

A Natura é referência em sustentabilidade e também em inovação aberta. A empresa mantém parcerias com comunidades da Amazônia, universidades, institutos de pesquisa e startups para desenvolver seus produtos. 

Um exemplo é o programa que incentiva projetos colaborativos em áreas como biotecnologia e cosméticos naturais. Esse modelo fortalece tanto a inovação quanto o impacto social e ambiental da marca.

Lego

A Lego apostou no envolvimento direto de seus consumidores para criar novos produtos. Por meio da plataforma LEGO Ideas, fãs da marca podem sugerir ideias de kits de montar. 

Quando uma ideia recebe apoio suficiente do público e é aprovada pela equipe interna, ela se torna um produto real, com os devidos royalties para o criador. Esse é um exemplo claro de como o crowdsourcing e a cocriação podem ser aplicados com sucesso por marcas consolidadas.

Esses exemplos mostram que a open innovation pode ser aplicada de diversas formas e em diferentes segmentos de negócios, adaptando-se ao contexto e aos objetivos estratégicos de cada empresa.

Isso prova que a inovação aberta é mais do que uma tendência. Ela deve ser vista como uma resposta inteligente ao mundo dinâmico e hiperconectado em que vivemos. Com o devido planejamento, uma ampla abertura ao novo e uma boa dose de colaboração, a inovação aberta pode se tornar um dos principais pilares do seu negócio, afinal, boas ideias não têm fronteiras.

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