Os dados são os mais valiosos ativos organizacionais que, quando devidamente explorados, podem impulsionar o alcance das metas empresariais. Por isso a implementação de uma cultura data driven é tão importante.
E o primeiro passo para isso é compreender profundamente o conceito. É o que vamos fazer neste artigo.
Nos próximos tópicos, você vai entender o que é ser data driven, qual a origem desse conceito e como ele se diferencia do analytics driven.
Vamos mostrar as características de uma empresa que adota essa cultura, os benefícios desse modelo de gestão e exemplos de quem já está aplicando essa lógica com consistência.
Para fechar, ainda preparamos um passo a passo simples pra te ajudar a colocar tudo isso em prática na rotina do seu negócio.
Continue a leitura!
O que é data driven?
A expressão “data driven” pode ser traduzida como “orientado por dados” e refere-se a uma abordagem organizacional na qual decisões e estratégias são fundamentadas em dados concretos.
Para aplicar essa lógica ao seu negócio, o primeiro passo a ser dado é entender que o data driven abrange todas as áreas e colaboradores de uma empresa, não se limitando apenas à gestão ou a um setor específico onde os dados parecem ser mais relevantes.
Nesse sentido, podemos definir o data driven como um conjunto de processos organizacionais voltados para a coleta, análise e utilização eficiente de dados, permitindo que gestores e equipes baseiem seu planejamento e suas ações em informações precisas e atualizadas.
Quando decisões empresariais são fundamentadas exclusivamente na experiência ou intuição dos gestores, o que chamamos de “achismos”, há um desperdício significativo do potencial dos dados, aumentando os riscos e reduzindo a eficácia das ações.
Por outro lado, adotar uma cultura data driven implica em enxergar os dados não apenas como ferramentas, mas como ativos estratégicos na operação empresarial.
Essa perspectiva permite aos gestores obter uma visão mais clara e detalhada das características e da situação do negócio, facilitando a identificação e o aproveitamento de oportunidades.
Como a cultura data driven pode ser viabilizada em uma empresa?
A cultura data driven pode ser vista como uma extensão prática da ciência de dados, que utiliza métodos científicos e algoritmos para transformar dados brutos em conhecimento acionável.
Sendo assim, implementar uma cultura data driven em sua empresa envolve a integração de processos organizacionais que valorizam e utilizam dados como base para a tomada de decisões.
Dada a complexidade e a diversidade das informações disponíveis, é importante adotar tecnologias avançadas que facilitem a coleta, o processamento e a análise de dados provenientes de múltiplas fontes e em diferentes formatos.
Ferramentas especializadas permitem a coleta eficiente de dados de fontes internas e externas, além de possibilitar o cruzamento dessas informações para oferecer aos gestores uma visão ampliada do mercado.
Entre as tecnologias mais utilizadas destacam-se:
- Big data: foca-se no processamento e análise de grandes volumes de dados em alta velocidade, identificando padrões e tendências relevantes;
- Inteligência artificial (IA): utiliza algoritmos que simulam a capacidade humana de aprendizado e tomada de decisão, permitindo análises preditivas e a automação de processos;
- Machine learning: é um tipo de IA que se concentra no desenvolvimento de sistemas que aprendem e melhoram com a experiência, aprimorando continuamente a precisão das análises.
Se você quer que seu negócio seja data driven, tenha em mente que analisar conjuntos de dados de forma isolada não caracteriza a adoção plena de uma cultura orientada por dados.
A integração e a interpretação contextualizada dessas informações proporcionam um bom alicerce para as decisões estratégicas mais seguras e embasadas.
Portanto, para que uma cultura data driven seja efetiva, é necessário dispor de recursos adequados para a coleta e análise de dados complexos, bem como para o cruzamento de diferentes indicadores e métricas.
Data driven: origem
A prática de tomar decisões baseadas em dados não é uma novidade no mundo corporativo. Historicamente, gestores utilizavam análises básicas, como segmentação de clientes e projeções de vendas, para direcionar operações e estratégias.
Contudo, a capacidade de coletar, armazenar e processar grandes volumes de dados era limitada, restringindo a profundidade das análises e a abrangência das informações disponíveis.
O conceito de “data driven” só ganhou destaque após o surgimento do big data, que se refere às tecnologias capazes de processar e analisar grandes volumes de dados.
O termo “big data” foi utilizado pela primeira vez em 1997, mas começou a ser amplamente reconhecido a partir de 2005.
É importante lembrar também que a aplicação do data driven no ambiente organizacional é uma consequência direta do desenvolvimento da ciência de dados, cuja missão é transformar dados em conhecimento por meio de algoritmos avançados.
A criação do World Wide Web em 1989 e o desenvolvimento de sistemas como o MapReduce e o Hadoop, respectivamente em 2004 e 2005, revolucionaram a forma como os dados eram gerados, armazenados e processados, permitindo que as empresas avançassem no estabelecimento de uma cultura orientada por dados, que hoje é plenamente acessível e aplicável.
Diferença entre data driven e analytics driven
Embora os conceitos de “data driven” e “analytics driven” pertençam ao mesmo campo semântico e envolvam a ciência de dados e o uso de tecnologia, eles não são sinônimos.
A principal diferença entre essas abordagens reside no foco e na complexidade das análises realizadas.
A abordagem data driven, ou “gestão orientada por dados”, baseia-se na coleta e análise de dados para fundamentar decisões estratégicas. Geralmente, ela envolve análises mais diretas, como relatórios e visualizações de dados, que oferecem uma visão geral dos padrões observados.
Essa prática permite que as empresas compreendam o desempenho atual, avaliem tendências passadas e obtenham informações objetivas para a tomada de decisões.
Por outro lado, a abordagem analytics driven, ou “gestão orientada por análises“, concentra-se em uma perspectiva mais qualitativa ao extrair insights acionáveis por meio de técnicas analíticas avançadas.
O objetivo é identificar oportunidades de crescimento, otimizar operações e antecipar tendências futuras, permitindo uma compreensão mais profunda dos dados.
É importante destacar que as duas abordagens não se excluem. Pelo contrário, elas se complementam.
Enquanto a orientação por dados fornece uma base sólida de informações objetivas, a orientação por análises aprofunda essa base, permitindo que as empresas identifiquem padrões complexos e desenvolvam estratégias mais eficazes.
O que é data driven business?
O termo “data driven business“, ou “negócios orientado por dados“, refere-se a empresas que fundamentam suas decisões estratégicas e operacionais na análise de dados concretos.
Embora relacionado ao conceito mais amplo de “data driven”, que pode ser aplicado a diversos contextos, o “data driven business” é específico do ambiente empresarial.
Ao adotar essa estratégia executiva focada em tendências observáveis, as organizações conseguem uma visão global dos dados, permitindo decisões mais informadas e resultados superiores.
O que é data driven marketing?
Data driven marketing“, ou “marketing orientado por dados“, é uma abordagem que utiliza informações detalhadas sobre clientes e público-alvo para otimizar a comunicação e o posicionamento da marca.
Ao analisar dados comportamentais, necessidades e desejos dos consumidores, a empresa pode desenvolver estratégias de marketing mais robustas e personalizadas, aumentando seu retorno sobre investimento (ROI).
Essa metodologia proporciona resultados financeiros mais promissores, uma compreensão mais clara sobre o desempenho das campanhas e elimina suposições comuns no marketing tradicional.
Além disso, o data driven marketing oferece aos clientes uma experiência mais refinada, com personalização de mensagens, das ofertas e das propostas de valor, tornando as interações mais relevantes e eficazes.
Características da cultura data driven
A cultura data driven aplicada a um negócio, independentemente de seu segmento de atuação, conta com uma série de características distintivas que contribuem para a eficácia dos negócios. Vejamos quais são elas.
- Estratégia baseada em fatos e tendências comprováveis: as decisões são fundamentadas em dados reais, eliminando a dependência de intuições ou suposições;
- Redução da subjetividade: prioriza-se os fatos em detrimento das opiniões pessoais, minimizando vieses e subjetividades nos processos decisórios. As opiniões não são descartadas, mas não têm peso quando os dados as contrariam;
- Engajamento e autonomia dos colaboradores: os funcionários são incentivados a se manterem engajados e a agir com autonomia, ajustando suas ações conforme o direcionamento apontado pelos dados, o que promove um ambiente de trabalho mais proativo e responsivo;
- Mentalidade do “teste primeiro”: antes de implementar novas soluções, hipóteses são levantadas e testadas com base nos dados, assegurando que as decisões sejam respaldadas por evidências concretas;
- Aprendizado contínuo: tanto gestores quanto colaboradores buscam constantemente adquirir novos conhecimentos, mantendo-se atualizados e prontos para promover adaptações de acordo com as mudanças do mercado;
- Foco na melhoria contínua: a empresa se compromete com um processo incessante de aprimoramento, reconhecendo que a orientação por dados é uma jornada contínua e evolutiva;
- Transparência e acessibilidade dos dados: todos os profissionais da organização têm acesso aos dados relevantes, promovendo uma cultura de transparência e facilitando a colaboração entre equipes;
- Tomada de decisão descentralizada: se são os dados que respaldam as decisões, não pode ser necessário consultar um gestor específico para obter sua anuência a cada nova decisão tomada. Com a democratização dos dados, as decisões passam a ser tomadas em diversos níveis hierárquicos, agilizando processos e aumentando a eficiência operacional.
Data driven: exemplos
Para que você visualize as diferentes aplicabilidades dessa metodologia, vamos abordar abaixo como a cultura data driven tem sido aplicada em algumas empresas bastante conhecidas.
A Amazon e suas estratégias de marketing baseadas em big data
A Amazon é um exemplo emblemático de empresa que utiliza big data para aprimorar suas estratégias de marketing.
A empresa coleta e analisa vastas quantidades de dados dos consumidores, como históricos de compras, buscas realizadas e interações no site. Essas informações respaldam a recomendação de produtos de forma personalizada, antecipando as necessidades e preferências dos clientes.
Além disso, a empresa utiliza algoritmos preditivos para otimizar a gestão de estoque e logística, garantindo que os produtos mais demandados estejam disponíveis e que as entregas sejam realizadas de maneira eficiente.
O Google e a otimização de algoritmos no mecanismo de buscas
O Google exemplifica o uso de uma cultura orientada por dados ao otimizar seus algoritmos de busca para fornecer resultados mais precisos aos usuários.
A empresa coleta e analisa dados de navegação, histórico de pesquisas e comportamento online para aprimorar continuamente seus mecanismos de busca. Essa análise permite a melhor compreensão das intenções dos usuários, oferecendo respostas mais relevantes e personalizadas.
Além disso, o Google utiliza essas informações para segmentar anúncios, garantindo que os usuários sejam expostos a publicidades alinhadas aos seus interesses e necessidades.
O Walmart e o data driven aplicado à gestão de estoque
O Walmart emprega uma abordagem data driven para gerenciar seu vasto inventário e otimizar preços.
A empresa coleta dados de vendas em tempo real, permitindo ajustes imediatos nos níveis de estoque e reposição de produtos conforme a demanda.
Além disso, o Walmart também utiliza algoritmos de precificação dinâmica para ajustar os preços com base em fatores como demanda, concorrência e comportamento do consumidor, garantindo a competitividade e a maximização de receitas.
A Netflix e a personalização de conteúdo
A Netflix personaliza a experiência do usuário e otimiza suas operações ao coletar dados detalhados sobre o comportamento de visualização dos usuários, como gêneros preferidos, horários de acesso e dispositivos utilizados.
Essas informações são analisadas para recomendar conteúdos personalizados, aumentando o engajamento e a satisfação do cliente.
Além disso, a empresa também utiliza esses dados para tomar decisões estratégicas sobre a produção de novos conteúdos, investindo em séries e filmes que atendam às preferências do público, o que resulta em uma maior taxa de retenção de assinantes.
Vantagens do data driven
Ao implementar o data driven, a sua empresa pode antecipar tendências e prever problemas potenciais, tornando-se mais competitiva e lucrativa. Vamos ver em seguida quais são as principais vantagens de adotar essa abordagem.
Melhoria do processo de tomada de decisões
Decisões fundamentadas em dados reduzem a subjetividade e aumentam a precisão. Ao analisar informações reais, você consegue identificar oportunidades e mitigar riscos de forma mais eficaz.
Identificação de tendências e previsão de cenários futuros
A análise de dados permite o reconhecimento de padrões e a antecipação de mudanças no mercado.
Com insights sobre tendências emergentes, sua empresa consegue se adaptar proativamente, desenvolvendo produtos ou serviços que atendam às futuras demandas dos clientes e dos clientes em potencial.
Melhor aproveitamento dos recursos disponíveis
Com uma visão clara proporcionada pelos dados, as organizações podem alocar recursos de maneira mais eficiente.
Isso inclui a otimização de processos internos, gestão eficaz de estoque e direcionamento adequado de investimentos, além da melhior alocação dos colaboradores, evitando desperdícios e maximizando o retorno.
Redução de custos
A eficiência operacional alcançada por meio de decisões data driven contribui para a diminuição de custos, pois ao identificar áreas de ineficiência e implementar melhorias baseadas em análises, as empresas podem economizar recursos e aumentar a rentabilidade.
Maior autonomia para os colaboradores
Quando os colaboradores têm acesso a dados relevantes, eles se tornam mais capacitados para tomar decisões informadas em suas áreas de atuação.
Essa autonomia aumenta o engajamento, promove a inovação e agiliza os processos internos.
Aumento do Retorno sobre Investimento (ROI)
Investimentos baseados em análises de dados tendem a ser mais assertivos, resultando em um ROI mais elevado.
Ao direcionar recursos para iniciativas comprovadamente eficazes, os gestores garantem um melhor desempenho financeiro e competitividade no mercado.
Como implementar a cultura data driven na sua empresa?
Mesmo que cada empresa deva coletar e aplicar os dados de acordo com seu perfil e demandas específicas, alguns passos fundamentais devem ser seguidos na implementação de uma cultura data driven, independentemente do segmento de negócios.
Confira abaixo quais são esses passos.
Invista na coleta direcionada dos dados
Para adotar uma cultura orientada por dados, é precisocoletar informações relevantes e confiáveis.
Embora alguns gestores possam se desmotivar ao considerar o tempo e os recursos financeiros necessários para isso, não há como seguir a lógica do data driven sem os devidos esforços e investimentos.
Os dados devem se originar de fontes ricas e fidedignas, não apenas das mais acessíveis. Portanto, escolha criteriosamente as fontes mais adequadas e promissoras para o seu negócio e para as suas decisões.
Construa relatórios contextualizados e faça análises estratégicas
Utilize os dados coletados para fazer previsões, pois eles sempre serão mais confiáveis do que a intuição.
Essas previsões devem ser testáveis, e os resultados obtidos devem ser aplicados à melhoria dos processos decisórios futuros.
Assim, será possível trabalhar com análises e manutenções preditivas, otimizando todos os processos.
Tome decisões com base em evidências
Todas as decisões do negócio precisam se basear em dados e evidências. Mesmo que o gestor seja experiente, a intuição não deve ser a prioridade.
Pressentimentos iniciais podem ser usados para investigar a fundo qualquer tendência antes da tomada efetiva de decisão. Esse propósito de atrelar todas as ações aos fatos deve perpassar toda a cultura organizacional.
Garanta a conformidade com a LGPD
Sempre que se pensa no tratamento de dados, é preciso considerar a legislação vigente, não apenas a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas também outras diretrizes que possam estar atreladas ao segmento de atuação da empresa.
Garantir a conformidade legal é fundamental para evitar penalidades e manter a confiança dos clientes.
Acompanhe o cumprimento de metas
Na cultura data driven, os dados são considerados um meio para um fim. Por isso, é importante ter uma visão clara sobre os objetivos da sua empresa.
Desenvolva um planejamento detalhado sobre como cada ação prática baseada nos dados vai contribuir para o alcance das diferentes metas.
Além disso, ao elaborar ou atualizar o seu planejamento estratégico, a mentalidade data driven deve estar sempre presente.
Facilite o acesso diário dos dados pela sua equipe
Os colaboradores precisam ter acesso aos dados certos para cumprir suas funções, com segurança e conforme seu nível de acesso.
A descentralização das decisões e a inserção do uso dos dados nas rotinas de todos os setores são fundamentais quando o data driven é implementado.
Todos os departamentos devem contar com suas fontes de dados, métricas a serem acompanhadas e aplicações próprias.
Organize treinamentos e mantenha sua equipe engajada
Não são somente os gestores que devem basear suas ações e decisões em dados verificáveis. Caso isso aconteça, há um grande risco de insucesso, pois a mentalidade data driven deve estar presente em todos os departamentos.
Os colaboradores precisam receber treinamentos para utilizar e interpretar os dados de forma satisfatória. Portanto, a capacitação é uma etapa fundamental do estabelecimento da cultura data driven.
Escolha a tecnologia adequada
Em uma empresa data driven, é importante centralizar os dados em uma única plataforma robusta, que conte com recursos eficientes para tratar essas informações e produzir relatórios completos e personalizados.
Lembre-se de que a mentalidade data driven só é possível a partir da aplicação de tecnologia avançada.
Entenda que a cultura data driven é um processo contínuo
A implementação do data driven é um ciclo contínuo e a equipe de análise de dados terá sempre mais trabalho a fazer, já que novos dados são gerados o tempo todo, e os mais recentes podem apontar uma tendência totalmente contrária à anterior.
Ou seja, o ciclo de coleta, análise e tomada de decisão é infindável. A sua mentalidade deve ser de melhoria contínua e de procura constante por novas oportunidades de otimização de processos e de descoberta de novas tendências a partir dos dados.
Enfim, implementar uma cultura data driven requer comprometimento, investimento e uma mudança de mentalidade em toda a organização. Seguindo os passos acima, você estará preparado para tomar decisões embasadas, otimizar processos e alcançar melhores resultados para o seu negócio.