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Toda empresa busca um mesmo objetivo: gerar valor para seus clientes e, com isso, se consolidar em seu mercado de atuação.
Mas você já parou para pensar em tudo o que acontece nos bastidores para que um produto ou serviço realmente chegue às mãos do consumidor com qualidade e eficiência? É aí que entra a cadeia de valor.
Criada pelo renomado professor Michael Porter, a cadeia de valor de uma empresa é uma ferramenta estratégica que ajuda a mapear todas as atividades envolvidas na produção de valor. E ao entender cada etapa dessa cadeia, os gestores conseguem otimizar processos, reduzir custos, criar vantagem competitiva e tomar decisões mais inteligentes.
Ao ler este artigo, você vai entender em detalhes o que é cadeia de valor, quais são suas atividades, como implementá-la no seu negócio e os principais benefícios que ela pode trazer.
Também veremos exemplos práticos para que você visualize como aplicar o conceito na rotina da sua empresa.
Se você quer aprimorar sua gestão e tornar seu negócio mais competitivo, basta continuar a leitura!
O que é cadeia de valor?
Antes de falarmos sobre a cadeia de valor de uma empresa, vale a pena observar o significado das palavras que compõem o termo: “cadeia” sugere um conjunto de elementos conectados entre si, enquanto “valor” diz respeito a algo que gera benefícios ou utilidade para alguém, no caso, para o cliente e para o negócio.
No contexto empresarial, a cadeia de valor representa justamente isso: um conjunto de atividades interligadas que, ao serem executadas, agregam valor ao produto ou serviço final entregue ao consumidor.
Cada etapa, da obtenção de matérias-primas à entrega do produto ou serviço final, contribui para a percepção de valor por parte do cliente.
O conceito de cadeia de valor foi formalizado por Michael Porter em 1985, em seu livro “Competitive advantage”, no qual ele apresentou o famoso modelo que hoje é conhecido também como cadeia de valor Porter.
A principal função dessa ferramenta é ajudar as empresas a analisar e estruturar seus processos de maneira estratégica, identificando quais etapas geram mais valor e quais podem ser aprimoradas.
É importante não confundir cadeia de valor com mapeamento de processos. Embora ambos sejam métodos de análise, o mapeamento de processos foca no fluxo operacional interno, enquanto a cadeia de valores abrange também aspectos estratégicos e a percepção de valor pelo mercado.
Ou seja, a cadeia de valor vai além de “como fazemos as coisas”, incluindo também “por que fazemos” e “como isso impacta o cliente”.
Qual é o objetivo da cadeia de valor de uma empresa?
O principal objetivo da cadeia de valor de uma empresa é alinhar seus processos produtivos e estratégicos para maximizar o valor percebido pelo cliente e obter vantagem competitiva no mercado.
Quando a empresa entende como cada atividade impacta o resultado entregue ao cliente, ela pode ajustar sua estratégia, otimizar recursos e melhorar a experiência de ponta a ponta.
O alinhamento estratégico entre as atividades operacionais e os objetivos do negócio torna a operação mais eficiente e sustentável.
Além disso, esse alinhamento gera desdobramentos importantes, como:
- Identificação de gargalos: ao mapear toda a cadeia, a empresa consegue visualizar pontos que reduzem a eficiência ou prejudicam a geração de valor;
- Otimização contínua: com uma visão sistêmica, os gestores podem promover melhorias contínuas em processos e produtos;
- Foco na experiência do cliente: as decisões passam a considerar de forma mais clara o que realmente importa para o consumidor final;
- Integração interdepartamental: a análise da cadeia de valores favorece a colaboração entre diferentes áreas da empresa, uma vez que as interdependências ficam evidentes.
Em resumo, a cadeia de valor ajuda a transformar uma organização orientada por processos isolados em uma empresa guiada por valor, capaz de entregar resultados superiores e se destacar no mercado.
Quais são as atividades de uma cadeia de valor?
A cadeia de valor de uma empresa, segundo Michael Porter, é composta por dois grandes grupos de atividades: atividades primárias e atividades de apoio.
As atividades primárias estão diretamente ligadas à criação física dos produtos ou serviços, sua venda e entrega ao cliente.
Já as atividades de apoio dão suporte às primárias e garantem que a empresa disponha dos recursos, tecnologias e infraestrutura necessárias para gerar valor.
A seguir, vamos detalhar cada uma dessas categorias e seus respectivos componentes.
Atividades primárias
As atividades primárias compõem as seguintes subcategorias:
1. Logística de entrada
As atividades relacionadas à logística de entrada dizem respeito ao recebimento, armazenamento e gestão de insumos e matérias-primas.
Essa subcategoria inclui atividades como transporte, controle de estoque, manuseio de materiais e gestão de fornecedores.
Uma empresa de cosméticos, por exemplo, pode aprimorar sua cadeia de valor otimizando sua logística de entrada para reduzir o tempo de estocagem e melhorar o fluxo de produção.
2. Operações
Essa subcategoria das atividades primárias da cadeia valor envolve todo o processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados. É o núcleo da geração de valor físico.
Uma indústria automobilística que implementa automação para agilizar a montagem dos veículos, mantendo os padrões de qualidade, está investindo em suas atividades primárias no sentido de gerar mais valor.
3. Logística de saída
Esse grupo de atividades abrange todas as ações necessárias para armazenar, distribuir e entregar os produtos finais aos clientes.
Por exemplo, uma empresa de e-commerce que estrutura uma rede de centros de distribuição para reduzir os prazos de entrega está melhorando sua logística de saída e, consequentemente, sua cadeia de valor.
4. Marketing e vendas
Este grupo de atividades primárias inclui ações de promoção, publicidade, força de vendas, definição de preços e estratégias de relacionamento com o cliente. O objetivo é estimular a demanda e posicionar a empresa no mercado.
Se uma empresa de softwares investe na produção de conteúdo para as redes sociais e inbound marketing para gerar leads qualificados, ela também está aprimorando sua cadeia de valor.
5. Serviços
Esta subcategoria de atividades da cadeia de valor engloba o suporte pós-venda, a assistência técnica, os serviços de manutenção, os treinamentos e outras ações que aumentam a satisfação do cliente e fidelizam o público.
Um bom exemplo é uma fabricante de eletrodomésticos que oferece suporte técnico 24 horas e garantia estendida para seus produtos, investindo, assim, no oferecimento de um bom serviço, para além da qualidade dos produtos.
Atividades de apoio
Agora vamos ver quais são as subcategorias das atividades de apoio, segundo a cadeia de valor Porter.
1. Infraestrutura
Esse grupo inclui toda a estrutura organizacional da empresa: administração geral, planejamento estratégico, finanças, jurídico e controle de qualidade.
Podemos imaginar como exemplo um escritório de advocacia que investe em sistemas de gestão para aumentar a eficiência administrativa.
No caso, essa ação não compõe os serviços específicos oferecidos pela empresa, mas é essencial para criar as condições de sua execução.
2. Gestão de recursos humanos
Envolve o recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e retenção de talentos, além da gestão do clima organizacional e da cultura empresarial.
Um negócio que desenvolve programas de capacitação contínua para seus colaboradores, está investindo em uma estrutura de apoio à sua atividade principal, seja ela o fornecimento de um produto ou de um serviço.
3. Desenvolvimento tecnológico
Esse grupo abrange pesquisa e desenvolvimento, inovação de processos, sistemas de TI, softwares de gestão e automação.
Uma empresa de logística pode investir nessa área ao adotar sistemas de rastreamento em tempo real para otimizar rotas de entrega, por exemplo.
4. Aquisição e compras
Esta última subcategoria engloba a seleção e a negociação com fornecedores, a aquisição de insumos, serviços e equipamentos necessários para a operação da empresa.
Um bom exemplo de atividade relacionada à aquisição e compras é a seleção de fornecedores locais quando a empresa é um restaurante e sua meta é garantir ingredientes frescos e reduzir os custos logísticos.
Esta e todas as outras atividades aqui mencionadas, podem gerar vantagem competitiva para as empresas, sobretudo quando se considera as conexões entre essas atividades, conforme a proposta da cadeia de valor Porter.
Uma melhoria na logística de entrada, por exemplo, pode reduzir custos operacionais e melhorar o nível de serviço ao cliente.
Benefícios da cadeia de valor
A aplicação da cadeia de valor de uma empresa permite que os gestores enxerguem cada etapa dos processos como uma oportunidade de gerar valor e vantagem competitiva.
Vamos ver agora alguns dos principais ganhos possíveis.
Visão sistêmica das atividades
A cadeia de valor oferece uma visão global dos processos internos, mostrando como cada etapa, das atividades operacionais ao suporte, contribui para o valor final entregue ao cliente.
Com isso, fica muito mais fácil visualizar onde estão os gargalos e as oportunidades de melhoria.
Melhoria na tomada de decisões
Com uma visão mais clara das conexões entre as atividades, os gestores conseguem tomar decisões mais embasadas, priorizando ações que realmente impactem os resultados.
Otimização das soluções propostas
Ao mapear a cadeia de valores, a empresa consegue pensar de forma integrada, desenvolvendo soluções mais eficientes que considerem o fluxo completo de criação de valor.
Criação de vantagem competitiva
Empresas que dominam bem sua cadeia de valor têm mais condições de criar diferenciais competitivos sustentáveis, seja por meio de processos mais ágeis, produtos de maior qualidade ou experiências superiores para os clientes.
Maior controle orçamentário
Com o mapeamento detalhado das atividades e dos custos envolvidos, a cadeia de valor permite melhor gestão financeira, ajudando a reduzir desperdícios e a otimizar o uso de recursos.
Redução de erros e imprevistos
A análise constante dos processos gera maior previsibilidade e controle, diminuindo falhas e retrabalho.
Melhoria do planejamento estratégico
Por fim, a cadeia de valor alimenta diretamente o planejamento estratégico, ajudando a empresa a alinhar seus processos com os objetivos de longo prazo.
Como implementar a cadeia de valor Porter?
Implementar a cadeia de valor de uma empresa não é um processo complicado, mas exige uma análise cuidadosa e a participação ativa tanto dos gestores quanto das equipes.
Elaboramos um passo a passo objetivo que com certeza vai te ajudar a aplicar a cadeia de valor Porter no seu negócio. Confira abaixo.
1. Categorizar as atividades
O primeiro passo é entender como as atividades da sua empresa se dividem:
- Atividades diretas: são aquelas que agregam valor diretamente ao produto ou serviço, como, por exemplo, o processo de fabricação e o atendimento ao cliente;
- Atividades indiretas: são aquelas que dão suporte às diretas, sem agregar valor de forma imediata, como, por exemplo, a manutenção dos equipamentos e a logística.
- Garantia de qualidade: são as atividades que monitoram e asseguram que os processos e produtos estejam em conformidade com padrões e expectativas.
2. Listar as subcategorias das atividades primárias
O segundo passo é identificar e documentar as subcategorias das suas atividades primárias. Veja os exemplos a seguir:
- Logística de entrada: recebimento de materiais, controle de estoque;
- Operações: produção, montagem, embalagem;
- Logística de saída: armazenamento de produtos acabados, entrega ao cliente;
- Marketing e vendas: campanhas publicitárias, canais de vendas, promoções;
- Serviços: suporte pós-venda, assistência técnica.
3. Listar as subcategorias das atividades de apoio
Em seguida, você deve esmiuçar, da mesma forma, as atividades de apoio. Veja os exemplos:
- Infraestrutura da empresa: gestão geral, planejamento, contabilidade;
- Gestão de recursos humanos: recrutamento, treinamento, desenvolvimento de talentos;
- Desenvolvimento tecnológico: inovação, pesquisa e desenvolvimento, automação;
- Aquisição e compras: seleção e negociação com fornecedores, gestão de contratos.
4. Analisar o potencial de geração de valor e os custos das atividades
Agora que você tem um mapeamento completo das suas atividades, responda às seguintes questões:
- Qual o impacto de cada atividade no valor entregue ao cliente?
- Qual é o custo associado a cada atividade?
Essa etapa ajuda a identificar atividades de alto custo e baixo valor agregado, que podem ser otimizadas ou eliminadas.
5. Identificar conexões entre as tarefas
O próximo passo é entender como as diferentes atividades interagem entre si. Para isso, você precisa fazer o seguinte:
- Analise o fluxo de processos: entenda como cada etapa influencia a anterior e a seguinte;
- Mapeie as interdependências: documente onde as atividades primárias e de apoio se cruzam;
- Revise a eficácia: identifique os pontos de melhoria nas conexões e no fluxo de trabalho.
6. Encontrar novas possibilidades de geração de valor
Por fim, você vai usar tudo o que foi mapeado nas etapas anteriores para propor inovações em processos e produtos, identificar parcerias estratégicas, melhorar a experiência do cliente e desenvolver novas vantagens competitivas.
Dessa forma, você não vai apenas otimizar os seus processos, mas também transformar a estratégia e a cultura da sua empresa, oferecendo mais valor para o mercado.
Cadeia de valores: exemplos
Depois de entender as atividades que compõem uma cadeia de valor, é natural que você se pergunte: como isso funciona na prática?
Exatamente por isso, elaboramos três exemplos de aplicação da cadeia de valor de uma empresa, em diferentes setores. Esses exemplos vão te ajudar a visualizar como o modelo de Porter pode ser adaptado a diferentes realidades de negócios.
Exemplo 1: indústria alimentícia
Uma fábrica de alimentos congelados busca melhorar sua eficiência e reduzir os desperdícios. Sendo assim, ela busca aprimorar sua cadeia de valor fazendo os seguintes esforços:
- Logística de entrada: busca parcerias com fornecedores de hortaliças e carnes com entregas just-in-time para reduzir os custos de estocagem;
- Operações: promove a automatização parcial da linha de montagem e empacotamento, diminuindo o tempo de produção;
- Logística de saída: utiliza transportadoras refrigeradas com sistemas de rastreamento em tempo real;
- Marketing e vendas: promove campanhas voltadas à saudabilidade e sustentabilidade dos produtos.
- Serviços: cria um canal de atendimento ao cliente específico para o recebimento de feedbacks sobre os produtos.
Quanto às atividades de apoio, a empresa implementa um sistema ERP para controle de processos, cria um programa de capacitação para os colaboradores e investe em tecnologias para prolongar a vida útil de seus equipamentos.
Exemplo 2: empresa de software SaaS
Suponhamos que uma startup que oferece um sistema de gestão online para pequenas empresas queira aprimorar sua cadeia de valor. Então ela coloca em prática as seguintes ações:
- Logística de entrada: como se trata de um produto digital, esse grupo de atividades não é aplicável diretamente;
- Operações: a empresa busca o desenvolvimento contínuo do software com metodologias ágeis;
- Logística de saída: a empresa conta com a distribuição digital via download e possibilita que as atualizações sejam feitas automaticamente na nuvem;
- Marketing e vendas: investe em marketing de conteúdo, vídeos para as redes sociais e vendas consultivas;
- Serviços: oferece suporte técnico via chat e e-mail, além de uma base de conhecimento online e webinars de treinamento.
Para aprimorar as atividades de apoio, a startup, devido a sua própria natureza, investe em desenvolvimento tecnológico robusto e em segurança da informação, além de contar com uma estrutura enxuta de RH com foco na retenção de talentos e na governança financeira.
Exemplo 3: rede de varejo
Vamos pensar agora em uma rede de lojas de artigos esportivos que busca melhorar a experiência do cliente. Nesse caso ela investe nas seguintes ações:
- Logística de entrada: busca uma gestão eficiente de estoques com integração entre fornecedores e centros de distribuição;
- Operações: prepara kits promocionais e montagem de displays nas lojas físicas;
- Logística de saída: cria uma política de entrega rápida para vendas online;
- Marketing e vendas: cria programas de fidelidade, ações promocionais sazonais e experiências personalizadas no e-commerce;
- Serviços: cria uma política de troca facilitada, além de oferecer suporte por múltiplos canais e aprimorar seu programa de pós-venda.
No que diz respeito às atividades de apoio, a empresa implementa um sistema ESM, cria um programa de capacitação contínua para os vendedores e investe em tecnologias de análise do comportamento do consumidor.
Como vimos, a cadeia de valor é flexível e se adapta a diferentes segmentos. Em cada um dos exemplos acima, fica claro como um olhar estratégico para as atividades da empresa, tanto as primárias quanto as de apoio, cria as condições para gerar mais valor para o cliente final, aumentar a competitividade e promover um crescimento sustentável.
Mais do que um conceito, a cadeia de valor é um caminho estratégico para crescer com consistência.
Empresas que dominam esse olhar entregam mais, gastam menos e criam diferenciais reais para o mercado.
